ATA DA
SEXAGÉSIMA TERCEIRA SESSÃO ORDINÁRIA DA QUINTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA
NONA LEGISLATURA, EM 18.06.1987.
Aos dezoito dias do mês de junho do ano de mil novecentos e oitenta e sete reuniu-se, na sala de sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Sexagésima Terceira Sessão Ordinária da Quinta Sessão Legislativa Ordinária da Nona Legislatura. Às quatorze horas e quatro minutos, constatada a existência de “quorum”, a Srª. Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou que fossem distribuídas em avulsos cópias da Ata da Sexagésima Segunda Sessão Ordinária, que deixou de ser votada em face da inexistência de “quorum”. À Mesa foi encaminhado, pelo Ver. Eroni Carus, 01 pedido de providências, postulando alteração de percurso de linha de táxi-lotação. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 338; 339; 340; 341/87, do Sr. Prefeito Municipal; 1172/87, da Câmara Municipal de São João da Boa Vista, SP; Ofícios-Circulares n.ºs 02/87 da Câmara Municipal de Santa Cruz do Sul, RS, 12/87, da Câmara Municipal de Bento Gonçalves, RS. A seguir, a Srª. Presidente acolheu questões de ordem dos Vereadores Caio Lustosa, Cleom Guatimozim , Ennio Terra, Isaac Ainhorn e Clóvis Brum , acerca da visita a ser feita, na próxima semana, pelo Sr. Prefeito e pelos Secretários Municipais para debate de projeto de urbanização das margens do Rio Guaíba. Em COMUNICAÇÕES, o Ver. Frederico Barbosa comentou informações veiculadas pela imprensa local, acerca da possibilidade de extinção, pelo Executivo Municipal, da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, salientando a importância deste órgão para o Município e a necessidade da mobilização do porto-alegrense na busca do reaparelhamento deste órgão e contra sua extinção. O Ver. Rafael Santos reportou-se ao pronunciamento, de hoje, do Ver. Frederico Barbosa, acerca da possibilidade de extinção da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, analisando a forma como seriam redistribuídos os serviços hoje prestados por aquela Secretaria e declarando-se contrário a sua extinção, em face dos prejuízos que acarretaria a Porto Alegre. A seguir, a Srª. Presidente ouviu requerimento do Ver. Aranha Filho, solicitando a convocação do Secretário Municipal do Meio Ambiente a esta Casa, na próxima terça-feira, às dezesseis horas. Ainda, a Sr.ª Presidente respondeu questão de Ordem do Ver. Frederico Barbosa, sobre o requerimento do Ver. Aranha Filho, anteriormente referido. Ainda em COMUNICAÇÕES, o Ver. Pedro Ruas falou sobre pesquisa apresentada pelo jornal Correio do Povo, acerca da preferência do eleitorado porto-alegrense quanto aos possíveis candidatos às próximas eleições para a Prefeitura Municipal, salientando a liderança ali observada do Pref. Alceu Collares. Comentou Emenda constitucional que, em mil novecentos e oitenta e cinco, permitiu a realização de eleições para a prefeitura das Capitais brasileiras, falando da proibição, por ela, de reeleição dos prefeitos eleitos na época e defendendo sua alteração para que sejam permitidas essas reeleições. Salientou que manteve contatos com Deputados da Assembléia Nacional Constituinte a esse respeito. O Ver. Hermes Dutra teceu comentários acerca de pronunciamento feito pela Ver.ª Jussara Cony, em nome da União dos Vereadores do Brasil, sobre os trabalhos de elaboração da nova Constituição Brasileira. Destacou que a principal função desta entidade deveria ser a defesa do mandato do Vereador, o que não vem ao ocorrendo, e atentou para o fato de que o relatório da Sub-Comissão da Ordem e Defesa Social da Assembléia Nacional Constituinte prejudica a classe dos Vereadores. Solicitou um trabalho conjunto na busca da modificação desta situação. Discorreu sobre a necessidade de soluções urgentes para a greve do magistério estadual, a fim de que os escolares não seja prejudicados ainda mais. O Ver. Isaac Ainhorn leu “A pedido” publicado no jornal Zero Hora, de hoje, subscrito por diversas lideranças gaúchas, onde são denunciadas decisões tomadas pela Assembléia Nacional Constituinte, contrárias ao monopólio estadual do petróleo, discorrendo sobre lutas empreendidas pela população pela implantação da Petrobrás e preservação dos nossos minerais. Disse que apresentará à casa, Moção de Repúdio contra estas decisões, criticando posicionamentos assumidos por Constituintes do PMDB, convenientes às mesmas. E o Ver. Nilton Comin comentou projeto de lei, de sua autoria, encaminhado à Casa em abril e posteriormente retirado, que visa a construção de banheiros públicos no Município, salientando que dará entrada a substitutivos ao mesmo, em visita da importância destas construções para o porto-alegrense. Dizendo que este substitutivo correrá Pauta na próxima semana, solicitou o apoio dos parlamentares para a sua aprovação. Às quinze horas e trinta minutos, nada mais havendo a tratar, a Sr.ª Presidente levantou os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para as reuniões das Comissões Permanentes e para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pela Ver.ª Teresinha Irigaray e secretariados pelo Vereador Frederico Barbosa e Hermes Dutra o último como Secretário “ad hoc”. Do que eu, Frederico Barbosa, 2º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelos Senhores Presidente e 1º Secretária.
O SR. CAIO LUSTOSA (Questão
de Ordem):
Sra. Presidente, face ao noticiário estampado
no “Diário do Sul” do hoje que o Sr. Prefeito Municipal junto com todo o
seu Secretariado, estaria por comparecer na Câmara na semana que vem para
explicar o projeto “Copacabana do Sul’, nesta questão de ordem eu pergunto a
V.Exa. que nos informe: Em primeiro lugar, se partiu algum convite da
Presidência da Câmara e, ou, da Comissão de Transportes e Habitação ao Prefeito
para que ele viesse ou venha na próxima semana com todo o seu Secretariado para
expor o chamado projeto “Copacabana do Sul”.
Se não partiu, eu já alerto a V.Exa. que vou encaminhar à Assessoria
Jurídica e a CUTHAB uma série de providências para que a Câmara decida ou não
se vai querer ouvir o Prefeito e ou todo o secretariado e quando e como vai
ouvir e o que deseja saber a respeito. O que não pode é a Câmara Municipal
ficar sendo submetida assim como invasão - aliás é uma prática muito conhecida
dos governos anteriores de virem os secretariados, num ato muito festivo, com
um projetão de alta repercussão como este - e a Câmara ficar sem condições
sequer de estabelecer um questionamento, um diálogo tudo. Eu estou pedindo estas duas providências de V.Exa. se ouve
convite ou não. Se não houve, nós vamos ter que dar um jeito a fim de que esse
Legislativo não seja submetido a uma invasão de parte do Executivo como está se
planejando. Essa invasão já se realizou, relativamente, ao chamado projeto Rio
Guaíba no Governo Villela e, pelo menos, com o meu silêncio ela não vai-se
repetir nesta Câmara. Muito obrigado.
A SRA. PRESIDENTE: A Mesa acolhe a Questão de
ordem do Ver. Caio Lustosa e dará a devida resposta no tempo necessário.
O SR. CLEOM GUATIMOZIM
(Questão de Ordem): O art.199 do R.I. diz “O prefeito comparecerá espontaneamente à Câmara
para prestar esclarecimentos, após entendimentos com o presidente da Casa.” O
art. 200 do R.I., também trata disso, pois diz “sempre que desejar, após
entendimento com o Presidente.”
O SR. ENNIO TERRA (Questão
de Ordem): Parece-me
que quando o Prefeito apresenta um Projeto ele se torne gozação. “Copacabana do
sul”. E Projeto Rio Guaíba. Praia do Guaíba.
O SR. ISAAC AINHORN (Questão
de Ordem):
Esclareça, na condição de presidente da CUTHAB, que, independente das
considerações legais aludidas pelo Ver. Cleom Guatimozim e pela relevância do
tema, muito embora o Prefeito possa comparecer espontaneamente, evidentemente
já tivemos intenção, como Presidente da Comissão, de ouvir os colegas e
convidar o Prefeito e os Secretários ligados à área específica do Projeto para
nos falarem sobre o arrojado plano de Urbanização dessa nova área da cidade.
O SR. CLÓVIS BRUM (Questão
de Ordem):
O fato preocupa-nos quanto ao Projeto Copacabana, assim intitulado pelo próprio
Prefeito, segundo a Imprensa, porque gostaríamos de debater, em conjunto, o
Projeto do Prefeito para as vilas populares. Gostaríamos de ouvir os dois
projetos.
A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver.
Frederico Barbosa, em tempo que lhe cede o Ver. Raul Casa, em
O SR. FREDERICO BARBOSA: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, líder do PDT, meu prezado amigo Ver. Cleom Guatimozim: coincidência
ou não na semana em que se comemorava, Ver. Caio Lustosa, solicitava, também, a
gentileza de V.Exa. auxiliar no meu pronunciamento - coincidência ou não na semana
que se comemorava o Dia Mundial do Meio Ambiente, no momento em que todos os
brasileiros pregam e pedem medidas em favor ao meio ambiente, no momento em
que, na Constituinte, existem fortes, sérios e evidentemente, necessários,
movimentos no sentido da preservação do verde do meio ambiente, também,
coincidentemente ou não, no momento, que já vinha sendo anunciado pelo
Executivo Municipal de Porto Alegre, o lançamento, que ontem enfim foi
realizado, chamado Projeto Rio Guaíba, vaza do próprio Executivo Municipal uma
informação, à população, através da imprensa do Rio Grande do Sul, de que o
Prefeito, através de um seminário administrativo, resolve, entre tantas e
outras modificações, eliminar, extinguir a Secretaria do Meio Ambiente.
Volto a repetir, enfaticamente, num momento de extrema preocupação para
a população de Porto Alegre, para a população do Rio Grande e de todo o Brasil,
em se tratar dos problemas ambientais desta terra, num momento em que se
anuncia um projeto que chega às raias do magistral, do fenomenal, que empolga
de tal forma o prefeito de Porto Alegre no momento em que se está a comemorar
há dias atrás o Dia Mundial do Meio Ambiente, vaza, vem a público, a informação
de que Porto Alegre, se não me engano, primeira capital a ter uma Secretaria
Municipal do Meio Ambiente, que, segundo o meu modo de ver, é uma secretaria
aparelhada, à época de sua instituição, e à época dos governos que mais
proximamente atuei, não sei se agora, é uma Secretaria que tem condições de
desenvolver um trabalho sério, um trabalho acima de tudo necessário para a
população de Porto Alegre, se é, hoje, tida pelo Executivo atual como uma
Secretaria mal aparelhada, mal equipada, não pode esse mal aludido a extinção
de um Órgão tão importante para a população de Porto Alegre. Isso sim, que o
executivo dê toda a cobertura necessária para que a SMAM seja aquele órgão,
aquela Secretaria que a população de Porto Alegre realmente precisa, que é
atuante e em todas as áreas e não da maneira com que está colocada nesse
momento, até ameaçada, pelo Chefe do Executivo Municipal, de sua extinção.
O Sr. Flávio Coulon: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Quero-me solidarizar com o pronunciamento de V.Exa. e
gostaria de fazer um adendo no sentido de que, foi eleito, pela grande maioria
da população de Porto Alegre, um governo democrático, participativo, onde as
decisões seriam tomadas de baixo para cima, ouvindo as bases, que, de repente,
a prática fica totalmente o contrário, quer dizer, se reúne em “petit comité” e
decide fazer as mais variadas transformações, decide fazer um monte de coisas
de cima para baixo, depois se tenta empurrar gola abaixo do povo de Porto
Alegre esses projetos. De modo que eu gostaria de colocar essa observação
dentro do seu pronunciamento.
O SR. FREDERICO BARBOSA: Agradeço pelo aparte de
V.Exa. e gostaria, antes de passar o aparte ao Ver. Caio Lustosa, gostaria de
colocar o cerne da idéia, porque V.Exa., Ver. Caio, é sem dúvida nenhuma um dos
homens que trata objetivamente desse problema e certamente poderá me corrigir
se eu estiver errado. Acho que esta casa precisa urgentemente e estou
encaminhando um ofício à comissão de saúde que tem para si os problemas do meio
ambiente, pedindo, primeiro: que o atual secretário do Meio Ambiente venha à casa
expor o seu pensamento sobre a extinção da SMAM. Um convite ao ex-titular da
Secretaria, Ver. Paulo Satte, para que também exponha o seu ponto de vista e a
todas as entidades interessadas no assunto, arroladas pela Comissão, que
certamente tem esta lista, para fazermos uma reunião, o mais breve possível,
para que possamos tirar quem realmente atua na área, uma verdadeira idéia
central sobre a extinção da SMAM. Concedo o aparte ao Ver. Caio Lustosa, com a
satisfação de ter aqui presente o Ver. Rafael Santos no plenário, ex- títular
daquela pasta, que certamente nos poderá ajudar na idéia do executivo Municipal
extinguir a SMAM.
O Sr. Caio Lustosa: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Frederico Barbosa confesso a V.Exa. que tenho
discutido, inclusive com outros companheiros, até da administração estadual e
ligados às questões ambientais, a necessidade ou não de existir uma Secretaria
especifica do Meio Ambiente em qualquer nível. As questões ambientais estão em
todos os setores. Hoje parece que há uma visão no sentido de que a questão
ambiental seja tratada, primeiro, em nível de planejamento e, segundo, no dia a
dia de cada um dos setores da administração. Mas o certo é que, de repente se
atira a extinção da SMAM, mas sem proposta de alternativa. Se extingue, mas
quem vai assumir afinal as funções que hoje são desempenhadas por ela. Bem ou
mal estão sendo levadas. A forma de conduzir eu acho errônea e aí me somo ao
aparte do Ver, Flavio Coulon, quando diz que esta administração que se propôs a
ser participativa e democrática, ela vem com decisões quase que já tomadas e de
uma forma autoritária, sem ouvir os diversos escalões, principalmente das
entidades comunitárias e populares. Haja vista este projeto que está surgindo
agora e que a gente sabe que é um legítimo pacotão.
O SR. FREDERICO BARBOSA: Agradeço e é neste sentido,
Vereador, que tendo se alcançado ao nível de uma Secretaria que não creio não
estar desenvolvendo o seu papel com força total não há motivo para que se
extinga, mas que se tenha um aparelhamento necessário para que as nossas praças
voltem a ser o que eram antes. Agora, no trajeto de Moinhos de Vento até esta
Casa passei por duas praças. Está-se falando muito em fechar o Largo da
Rodoviária, e se não encontrarem umas vigas de quase trinta centímetros de
altura em torno de uma placa do Touring Club, nos postes ou na grama, se é que
é grama, pois está em condições absolutamente precárias. Esse é o primeiro
objetivo: se o Largo tem que ser fechado, que seja, mas acima de tudo tem que
ser preservado dia a dia, em condições normais. Passem agora na Esplanada
Vaticano, chamada Largo do Papa, Lei desta Casa de minha autoria, é hoje um
lugar completamente deixado de lado, que precisa, única e exclusivamente, de um
cortador de grama e alguma criatividade. Mas lá está, atirada, a não ser que
tenham arrumado alguma coisa depois do Gre-Nal, pois até á hora de saída dessa
partida, há dois dias atrás, era assim que estava o Largo do Vaticano. E assim
podemos observar inúmeras praças. Hoje alguém ainda me dizia que o Parcão é
conservado, quando na verdade não é! Não é conservado! Ele foi deixado de
alagado dez dias, porque o Município disse que aquilo não era obra prioritária!
E o exército, conforme denunciei aqui, no bom sentido, levou alguns soldados
para desentupir a Rua Comendador Caminha. Estou enviando um ofício, hoje, à
Comissão de Saúde desta Casa, pedindo audiência do Secretário atual do Meio Ambiente, do Ex-Secretário
Paulo Satte, companheiro desta Casa, e das entidades comunitárias e vinculadas
ao meio ambiente. Não estou pedindo audiência dos Ex-Secretários Rafael Santos,
aqui presente, e outros companheiros que atuaram, com os quais com muita honra
atuei no Partido em que estive, por um único motivo: naquela época, mal ou bem,
a SMAM estava prestigiada e seus titulares estavam trabalhando, no sentido de
que não se deixasse que a Secretaria fosse a público, com um órgão que pode ser
extinto assim, de uma hora para outra, com um canetaço. Encerro, dizendo que
esta é a idéia: que se ouça a população, antes de se falar na extinção de um
órgão como este.
O Sr. Getúlio Brizolla: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Agradeço pelo aparte e quero dizer que nos 22 anos
que passaram, não houve este tipo de cobrança e, agora, em um ano e pouco de
governo Alceu Collares, somos cobrados deste jeito. Eu peço que dêem mais um
pouquinho de tempo, porque, no seu governo, quando V.Exa. era Secretário, não
foi feito nada. Agora, neste ano e meio de mandato, o Prefeito Alceu Collares está
fazendo mais do que vocês em 22 anos.
O SR. FREDERICO BARBOSA: Eu encerro, mas não posso
deixar ao Ver. Getúlio Brizolla que, se a cobrança, nos 20 anos, não chegou até
V.Exa., provavelmente é porque V.Exa. não estava nesta Casa e os Vereadores que
representavam a sua Bancada ou achavam que não tinham que cobrar ou cobravam
indevidamente, no momento errado. A nossa obrigação é cobrar e nós achamos que
a cidade está entregue a um Executivo que não vem, acima de tudo, cumprindo com
as suas promessas eleitorais, entre aspas. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Com
a palavra o Ver. Rafael Santos.
O SR. RAFAEL SANTOS: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, eu não pretendia usar a palavra no dia de hoje. Eu havia até cedido
o meu tempo ao Líder da minha Bancada, Ver. Hermes Dutra. Entretanto, o Ver.
Frederico Barbosa levantou um problema dos mais sérios e mais graves, que está
ocorrendo nesta cidade. Enquanto eu falava o Ver. Frederico, eu fui até o meu
gabinete, mas não encontrei, nos meus papéis, a proposta que está sendo
discutida no Executivo Municipal. Esta proposta é bastante ampla, prevê a
extinção da FESC, da EPATUR, volta novamente a velha Secretaria de Cultura,
Esporte e Turismo, que ninguém quer. O Setor ligado ao turismo não quer, o
setor cultural não quer, o setor de esportes não quer; entretanto voltou o
debate no âmbito do Executivo Municipal. Dentro dessas diversas propostas que
estão sendo discutidas prevê-se a extinção da SMAM passando para a SNOV, quer
dizer, a supervisão de praças e jardins passa a ser novamente mero setor de
obras, ignora tudo que a SMAM fez até hoje no sentido de preservar nossas
praças, nossos parques para retornar a ser um mero setor de obras, como ocorria
antigamente, que a praça era construída pelo Setor de Obras e entregue ao
deus-dará porque não havia ninguém responsável depois pela conservação. Todo
esse trabalho de educação ambiental que vem sendo e que foi realizado
largamente, desde que a SMAM foi criada pelo então secretario Roberto Eduardo Xavier
e que nós tivemos a oportunidade de ampliar e dar uma dimensão mais completa.
Talvez por nossa formação de professor, que nos parece que fosse o trabalho
mais importante que a SMAM desenvolve, que e o trabalho de educação ambiental,
esse desaparecia, pois a supervisão do meio ambiente iria para a SMIC, que não
tem nada a ver. Sabem por quê? Porque os processos de alvará de comércio e
indústria vão à SMAM para ver o aspecto da poluição ambiental. Então eles
querem jogar tudo na SMIC que não terá nenhum interesse na área de controle da
poluição. Uma das lutas da SMAM com a SMIC é esta. A SMIC, quanto mais
indústrias forem estaladas melhor. Se esta indústria é poluidora não interessa
para a SMIC, mas sim para a SMAM. A SMAM tem controlado e segurado essas
empresas poluidoras que querem se instalar em Porto Alegre. Passando a
supervisão do meio ambiente para a SMIC na verdade está desaparecendo a
supervisão do meio ambiente, porque aí cai na vala comum da SMIC de concessão
de alvarás, não será mais estudado o aspecto da poluição ambiental. Então me
parece que são dois aspectos fundamentais.
O Sr. Aranha Filho: V.Exa permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Nobre Vereador, o nome Secretaria Municipal do Meio
Ambiente e para o que foi formada e até V.Exa. já teve oportunidade, aliás, com
grande desenvoltura à testa daquela secretaria. Ela deixa a desejar, deixa a
desejar até o exato momento em que ela nada mais é e eu até perguntaria a
V.Exa. pelas condições que ela tem hoje de funcionamento, ela nada mais é do
que aquele velho departamento de praças e jardins. Ela, na realidade, deveria
ter múltiplas atividades já que o meio ambiente - e sabe V.Exa. que foge
inclusive até uma análise ou pelo tempo que se tem - ela tem múltiplas
atividades e exige equipamentos sofisticados para controle de poluição e nós
temos uma lei especifica que é a lei do impacto ambiental que exige uma série
de equipamentos e a Secretaria não os possui.
Eu discordo do Sr. Prefeito que queria exigir da SMAM, pelo contrário
ele deveria dar força à SMAM e colocar um orçamento maior para que ela pudesse
desempenhar realmente suas funções e se acontecer isso que V.Exa. está
apregoando, de que passará para um departamento da SMIC, seria um caos, um caos
completo, como por exemplo o controle do ruído ambiental, não se tem um
equipamento, mas está voltando. Eu tenho conhecimento que estão multando, pelo
decibelímetro do ouvido, eles vão até um determinado local e dizem que está
atuado e exigem então daquele que foi atuado, exigem uma prova de que realmente
não está produzindo um ruído excessivo, mas, na realidade, a SMAM não fez o
levantamento.
O SR. RAFAEL SANTOS: Eu não conheço hoje o
trabalho que a SMAM está realizando, eu conheço o trabalho até o dia em que eu
deixei a SMAM. A SMAM tinha decibelímetro, a SMAM usava o decibelímetro...
O Sr. Aranha Filho: Vereador, o decibelímetro
que a SMAM tinha é um decibelímetro que se mede a intensidade do som em ruas e
ambientes fechados. Não era sofisticado até o ponto que exige a legislação
referente à matéria, com bandas de
oitava, e é um equipamento muito caro e importado.
O Sr. Caio Lustosa: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Nobre Ver. Rafael Santos, sinto-me à vontade para
apartear V.Exa. e concordar com quase tudo que está colocando, porque muitas
vezes, quando V.Exa. foi Secretário da SMAM, nós integrando Comissões, lhe
cobramos e impomos restrições, inclusive e isso é natural. De modo que naquele
tempo, por exemplo, à falta, muitas vezes, de poder político da Secretaria do Meio-Ambiente,
em relação a outras Secretarias e ao conjunto da Administração Municipal.
Realmente, achamos isto. Lembro da questão das cargas perigosas do Rio Guaíba,
que é uma questão que envolve desde a Marinha Naval, Marinha de Guerra até a
DEPREC, órgãos estaduais, federais e municipais, e dizia que a SMOV precisaria
de uma quadra naval para poder controlar o curso das cargas perigosas que a
Marinha, pela Capitania Naval, não fez. Bem, eu pensava que a administração
conservadora do PDS era tímida, e agora vejo que o Prefeito Alceu Collares quer
reduzir mais ainda as tarefas, inclusive houve alguma coisa de boa, na SMAM,
por exemplo, no tempo do ex- Vereador Larry, quando elaborou uma série de leis
que não são perfeitas, mas que já são instrumentos muito bons que precisam ser
utilizados. Agora, de repente, se desativar um órgão porque não quer-lhe dar as
funções que deve desempenhar, acho que é um retrocesso. Do jeito que vai, o
governo do PDT vai chegar a um nível de completa distensão, em relação à questão
ambiental.
O SR. RAFAEL SANTOS: Nobre vereador,
indiscutivelmente, quando assumiu a Prefeitura o Sr. Alceu Collares, a SMAM deu
para trás isso é visível. A SMAM, praticamente, paralisou, paralisou
completamente. Agora pelo fato da administração não ter dado à SMAM as
condições ou não ter feito o trabalho que deveria fazer não significa que o
órgão não seja necessário, porque senão nós podemos extinguir uma série de
órgãos neste município que estão paralisados. E eu reconheço que o Ver. Nei
Lima está fazendo a um esforço para que a SMAM volte a trabalhar, porque ela
paralisou durante um ano completamente. Eu reconheço que houve uma paralisação
total e absoluta da SMAM.Agora, tenho, por outro lado, a absoluta certeza de
que jamais esta casa irá aprovar a extinção da SMAM. Não vejo de que forma esta
casa possa aprovar a extinção da SMAM; seria dar um passo pra trás. Quando
Porto Alegre foi um dos municípios, senão o primeiro município, a criar uma
Secretaria do Meio Ambiente que hoje já existe em uma série de municípios
brasileiros, antes mesmo de o Estado transformar a sua Secretaria de saúde em
Secretaria do Meio Ambiente e, agora, de repente, surge um projeto dando um
passo pra trás, extinguindo uma Secretaria e transformando uma supervisão de
Praças e Jardins em mera divisão de obras da SMOV, porque vai ser isso. A
supervisão do PDT está até engraçada porque se dissesse que iria para a saúde,
mas ir para a Secretaria da Industria e Comércio que não tem nada que ver com
isso absolutamente nada haver com o Meio Ambiente, pelo contrário até tem
posicionamentos conflitantes, é normal que isso ocorra, que haja esses
posicionamentos conflitantes.
O Sr. Frederico Barbosa: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Rafael Santos, eu me sinto extremamente
satisfeito por ver V.Exa. na tribuna porque atingiu o objetivo, que era
levantar o problema mais rápido possível. E creia V.Exa. que quando citei o
nome de V.Exa. e não citei o nome dos outros Secretários é porque até a gestão
de V.Exa. nós sabemos - o próprio Ver. Caio Lustosa opositor ao partido que
V.Exa. e eu fizemos parte - diz aqui que apesar de não ter recursos, ou não
termos desenvolvido o trabalho, quem sabe que seria o melhor, pelo menos sabe
das coisas que estava acontecendo. Nós não sabemos, Vereador. Por isso estou
enviando ofício à Comissão de Saúde pedindo que sejam ouvidos o Secretário Nei
Lima e o ex-Secretário Paulo Satte e não V.Exa. e os outros, porque estes a
população já sabe o que fizeram.
Agora, nós queremos ouvir o Secretário que diga, aqui, se não lhe foi
concedido tudo aquilo que ele teria como mínimo necessário para desenvolver o
perfeito trabalho, porque não acredito em incapacidade do atual Secretário,
como V.Exa. diz, nem do ex-Secretário. Alguma coisa aconteceu e quem sabe nesse
acontecimento já não estava sendo prevista a falta de recursos e o
aniquilamento da Secretaria para se chegar agora à idéia fácil e simplista de
se extinguir a SMAM. Os dois ex-Secretarios e o atual, bem como as entidades
vinculadas ao meio ambiente podem fazer uma análise com V.Exa. e tantas outras
pessoas.Temos de defender algo que está presente na comunidade de Porto Alegre,
que é a SMAM.
O SR. RAFAEL SANTOS: Encerro meu pronunciamento
trazendo a certeza de que esta casa não provará qualquer tipo de proposição que
inviabilize a nossa querida SMAM. Muito
obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. ARANHA FILHO: Solicito à Mesa receba meu
Requerimento para convocação do Secretário do Meio Ambiente, na próxima
terça-feira, às 16 horas.
A SRA. PRESIDENTE: A Mesa acolhe seu
Requerimento e encaminha-o ao Setor competente.
O SR. FREDERICO BARBOSA: Parece-me que o Ver. Aranha
Filho sugere a vinda do Secretário. Estou encaminhando uma solicitação da
íntegra do convite ao Secretário atual, ao ex-Secretário e às entidades.
Gostaria que a Comissão ouvisse todos para que retirássemos a verdadeira
cartilha sobre a extinção da SMAM.
O SR. ARANHA FILHO: Solicito à Mesa as devidas
providências. É neste sentido minha proposição.
A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Pedro
Ruas.
O SR. PEDRO RUAS: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, o Jornal “Correio do Povo” de hoje traz pesquisa em relação a
eventuais candidatos à Prefeitura de Porto Alegre para as eleições do ano que
vem, 1988, e refere, além do número de indecisos, entre os habitantes de Porto
Alegre que já tem candidatos, uma preferência pelo atual Prefeito da cidade,
Alceu Collares; refere, também, outros contatos para o exercício do cargo.
O Sr. Aranha Filho: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Em cima de preocupação de V.Exa., ou euforia, não
sei, não captei ainda o raciocínio, mas dentro desta pesquisa o que me chamou a
atenção foi, exatamente, 64% da população incerta, ou sem opinião a respeito. E
fico a pensar quanto a classe política está desprestigiada. E nós temos o dever
de tentar, pelo menos, reerguer esta imagem. Porque sabe, V.Exa. que quando
anda mal na Nova República, lá no Planalto, toda a classe política vai mal.
Aqui no estado a liderança do PMDB anda mal, e toda a classe política vai mal.
E a mesma coisa ocorre no município, lastimavelmente, há uma imagem, e entendo
como correta a opinião do povo nesta pesquisa expressa no Correio do Povo de
hoje. É lamentável, nós que estamos fazendo força, não conseguimos um convencimento
público, as coisas estão a desejar, na verdade, no momento atual a classe
política está em baixo.
O SR. PEDRO RUAS: Agradeço o aparte de V.Exa.
Mas, acredito, antes de iniciar o raciocínio, que me trouxe à tribuna, que este
percentual de indecisos se deve ao fato de que não há uma campanha deflagrada
para a Prefeitura Municipal, deve ser diminuído este percentual assim que ela
iniciar.
Mas, Sra. Presidente e Srs. Vereadores, o que importa nesta pesquisa,
isso já tivemos oportunidade de referir no final do ano passado, é que a emenda
constitucional que permitiu a eleição para as Prefeituras de Capital e áreas de
segurança em 1985 estipulou, também, que os Prefeitos eleitos, naquela
oportunidade, em 1985, não poderiam concorrer à reeleição em 1988. Na verdade,
tratou-se de um Emenda casuística, não no mal sentido da palavra, como tem sido
usado normalmente, mas casuística no sentido de que ela previa uma situação
para aquele momento. Mais que casuística, a Emenda seria conjuntural,
tratava-se de regulamentar uma situação para aquela oportunidade, para aquele
momento da vida nacional em nosso País.
Com base nestes dados e com base no fato de que os Prefeitos eleitos em
1985 em todo o Brasil ficaram com os mandatos reduzidos à apenas 3 anos,
ensanduichados entre dois mandatos maiores, existe uma idéia que deve ser
levada adiante por uma questão de justiça para com a população das próprias
capitais dos Estados do nosso País, qual seja, a de que deve haver
necessariamente uma alteração desta Emenda que permita aos atuais Prefeitos de
Capital se candidatarem à reeleição. A decisão, Srs. Vereadores, sobre a
permanência ou não dos atuais mandatários dos Executivos municipais cabe ao
povo decidir. Os Vereadores, desta Casa, certamente observaram, senão observaram,
eu tenho as matérias guardadas, que esta questão foi levantada por este
Vereador, ao final do ano passado, pedindo que houvesse esta mudança.
Recentemente em Brasília, agora, nos últimos dias, quando acompanhei a
Comissão de Vereadores desta Casa, fiz contato com três parlamentares gaúchos,
dois deles do meu Partido e o outro do PMDB, no sentido de que fosse mudada,
agora na Constituinte, aquela Emenda para que se desse ao povo das Capitais a
oportunidade de reelegerem, se quisessem, os atuais Prefeitos das suas cidades.
Isso não tem nada a ver com prorrogação de mandatos, em especial, dos
Vereadores. Não tem nada a ver com prorrogação de mandatos de ninguém. O que se
trata, na verdade, é simplesmente a lei permitir que aqueles Prefeitos eleitos
em 1985, assim como os eleitos em 1982, nas cidades onde já era permitida a
eleição, possam concorrer à reeleição em 1988. Vejam V.Exas. que ficamos em uma
situação extremamente injusta que penaliza, acima de tudo, os munícipes de cada
município, na medida em que hoje, por exemplo, dentro do meu partido, do PDT,
temos um em Viamão que foi eleito em 1982 e terminara o seu mandato em 1988 e o
Prefeito da capital de Porto Alegre que foi eleito em 1985 e que também
terminará seu mandato em 1988. As eleições de 1988 devem ser realizadas. É um
imperativo de justiça, na medida em que foram eleitos para cumprirem os seus
mandatos, nós e os Prefeitos, até 1988. O que se pretende é que seja dada
oportunidade a que os atuais mandatários tenham a possibilidade de concorrer, se
quiserem ou se seus partidos aprovarem, à reeleição em 1988, para evitar uma
injustiça que ocorre no exato momento com todos os Prefeitos que têm seu
mandato a partir de 1985. O Ver. Cleom Guatimozim, líder do PDT sabe que de há
muito tempo eu defendo esta idéia. Fiz contatos com deputados em Brasília neste
sentido. Nesta semana devo enviar três telex aos deputados que contatei,
prometendo assinaturas no sentido de que eles apresentem esta tentativa de
modificação, já que não há mais prazo para emenda popular no momento. Agora,
independente do resultado da pesquisa no “Correio do Povo” de hoje, por isso
chamo atenção que o pronunciamento deste Vereador já é bastante antigo, é uma
questão de justiça, Ver. Flávio Coulon, que ao povo seja dado o direito de decidir,
se querem a reeleição dos atuais mandatários dos executivos municipais. Desde
já manifestamos a intenção do trabalho que está sendo feito neste sentido de
que isto seja permitido como imperativo de justiça para o povo das capitais.
O Sr. Flávio Coulon: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Pedro Ruas, realmente, todos os grandes homens
públicos têm os seus momentos de fraqueza, eu pela primeira vez surpreendo um
momento de fraqueza deste ilustre Vereador. Se não fosse a coerência que V.Exa.
tem demonstrado e falou da Tribuna, eu ficaria numa posição bastante à
vontade...
O SR. PEDRO RUAS: V.Exa. pensaria que o
pronunciamento é em função da pesquisa, eu mostraria a V.Exa. as matérias que
já tenho anteriores a ela.
O Sr. Flávio Coulon: Exatamente, é por esta razão
que eu apenas vou considerar um dos momentos de fraqueza da sua brilhante
trajetória, porque, Vereador, querer falar em questão de justiça.
(Apartes
paralelos.)
O SR. PEDRO RUAS: É justiça em relação ao povo
e não aos mandatários.
O Sr. Flávio Coulon: Todos os prefeitos quando se
candidataram sabiam que o mandato era de apenas três anos. Não sei como V.Exa.,
brilhante advogado que é, pode usar o termo “injustiça”, contra o qual me
rebelo. Não fosse o respeito que tenho por V.Exa. me atreveria levantar a
hipótese de que talvez o seu Partido esteja carecendo de candidatos a Prefeito.
O SR. PEDRO RUAS: Só saliento ao Ver. Flávio
Coulon que a nossa tese não é para Porto Alegre, é para o Brasil, onde a
maioria dos prefeitos são do PMDB, não são do PDT que possui duas Prefeituras
de capitais, aqui e no Rio de Janeiro.
O Sr. Marcinho Medeiros: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu queria, deixando de lado a avaliação da pesquisa
do jornal, porque pesquisa de jornal é uma coisa relativa, me congratular com o
Vereador, a respeito do pronunciamento reação a possibilidade dos atuais
mandatários concorrerem a uma reeleição. Acho que a população como um todo
seria beneficiada e seria bem mais democrático, para que a própria população
pudesse julgar a execução de um mandato de um governante, de um prefeito
qualquer. Portanto, quero me solidarizar com o pronunciamento do colega, neste
aspecto e acho que a Constituinte deveria pensar mais nesse problema, por que
impedir que um governante se candidate a mais de um mandato, quando ele poderia
perfeitamente vir a julgamento público sem problema nenhum?
O Sr. Cleom Guatimozim: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Quando o “Correio do Povo” fazia esta pesquisa, eu
indicava à jornalista o nome de V.Exa., que foi o primeiro autor desta tese de
reeleição e V.Exa. foi muito clarividente quando previu a vitória de Alceu
Collares, coisa que nós também previmos, mas V.Exa. previu com mais precisão,
com um percentual acima de 50%. Por isto, eu o felicito, pois é o que o povo
pensa, exatamente.
O SR. PEDRO RUAS: Eu concluo, dizendo que este
trabalho e esta tese foram levantados por nós há cerca de 6 meses atrás. Nesta
semana, faremos os contatos definitivos, com parlamentares de Brasília, para
possibilitar a correção desta injustiça para com o povo, não para com os
mandatários, mas o povo deve ter o direito de reconduzir os atuais mandatários
dos executivos municipais ao seu governo, para exercerem, a partir de 88, tal
liderança. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Hermes
Dutra, pelo tempo que lhe cede o Ver. Paulo Satte.
O SR. HERMES DUTRA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, eu sou daqueles que pego antipatia, mas não deixo de dizer o que eu
penso. Ontem, assistindo ao noticiário da televisão, na parte da Assembléia
Nacional Constituinte, ouvia a nobre Vereadora Jussara Cony, desta Casa, falar
em nome dos Vereadores brasileiros, sobre a votação ocorrida na Assembléia
Nacional Constituinte. Pois bem, no meu nome ela não falou e eu gostaria de
expressar a minha posição, como Vereador, em relação à Assembléia Nacional
Constituinte. Nós temos uma entidade nacional, chamada União dos Vereadores do
Brasil, da qual a ilustre Vereadora parece que é a Secretária Geral, e, de uns
tempos para cá, se esqueceu da sua função fundamental, que é defender o
exercício do mandato de Vereador e se meteu, por problemas de ordem ideológica,
a mandar viajores por este país a, em nome dos Vereadores, levantarem teses
absurdas e dormirem no ponto quanto às reivindicações dos Vereadores. Pois
sabiam que o texto aprovado pela subcomissão da ordem social é pior do que a
Constituição anterior, no que se relaciona a Vereador e não vi da União dos
Vereadores do Brasil sequer um protesto, mas andam lá os nobres vereadores do
Brasil a arrebanhar gente nos Estados para ir se meter no problema da Ordem
Econômica, da Ordem Social e outras tantas que cada vereador tem o direito e
dever se influir via seu partido político. Enquanto entidade, com a
participação de vereadores de todos os Partidos, deve a União dos Vereadores do
Rio Grande do Sul e a União dos Vereadores do Brasil defender o interesse do
mandato do vereador e não se meter nessas picuinhas que fazem com que se pegue
a antipatia de alguns Constituintes e o resultado está sendo expresso nas
soluções dadas pela Subcomissão ou Comissão que trata do assunto. Deixo claro o
seguinte: embora divirja de um monte de coisas que as Subcomissões e Comissões
estão fazendo, acho que fizeram errado, respeito o direito de os Deputados
Constituintes fazerem isso, foram eleitos para essa função e se a Constituição
está saindo errada, não está saindo como eu gosto, a culpa é minha que não
consegui sensibilizar o povo para mandar mais representantes para lá que pensem
como eu. Não posso assistir calado a essa pichação tremenda que se faz em cima
dos Constituintes porque votam coisas que não agradam a este ou aquele setor. É
a velha história de que só a opinião é boa quando vem ao encontro daquilo que
penso. É o uso de cachimbo que entortou a boca de muita gente e faz com que
sirva para desprestigiar o próprio parlamentar. Em última análise estamos
desprestigiando a nós mesmos e nossa entidade nacional, União dos Vereadores do
Brasil querendo, por vontade própria, ou por injunção, ou por ter sido levada
por alguns resolveu entrar nessa canoa furada e não está se preocupando com os
problemas inerentes da nova Constituição ao exercício do mandato do Vereador. É
lamentável que isso ocorra. Hoje peço ao Líder do PMDB nesta Casa, para o Líder
do PDT nesta Casa, para o Líder do PFL nesta Casa que passem pelo menos para os
seus Constituintes tentando resolver problemas que a Comissão da Ordem Social
colocou no tocante aos servidores públicos e que nós temos de modificar porque
nossa entidade nacional sei lá o que está fazendo lá, gastando dinheiro nosso
em viagens e não se interessa pelos problemas inerentes ao mandato do Vereador.
É triste e lamentável tudo isso. Agora, nós temos que divergir respeitando e é
o que estou fazendo e se faço da tribuna é porque essas coisas devem ser
tratadas de forma clara, aberta e, sobretudo, livremente, porque nós não
podemos continuar nessa situação de querer se faturar em cima de interesses que
não são de Vereadores brasileiros, supostamente levantados por entidade
nacional nossa. Eu, enquanto Vereador, tenho que lutar pelo exercício do meu
mandato, enquanto político, tenho de lutar pelas minhas idéias. Agora se
misturar as coisas na Assembléia Nacional Constituinte vai dar o que está
dando, uma constituinte que desagrada todo mundo e visa a ser um morte de sete
cabeças lamentavelmente.
Quero aproveitar também, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que a Pauta
hoje está cheia. Eu hoje, pela manhã, assistia a mais uma passeata na cidade
feita pelos professores. Desde que o Dr. Simon assumiu o Governo, em nenhum
momento eu lhe dirigi críticas e tenho justificado a minha posição. Não que eu
ache que ele não mereça crítica, mas porque defendo a idéia de que tenha que se
dar crédito para que ele se ajuste e consiga se organizar e acho que ilustre
Governador ainda não conseguiu ainda este tempo necessário. Então não tenho
feito críticas a V.Exa. Agora, quero manifestar mais uma vez a preocupação como
porto-alegrense, como rio-grandense, como político com esta situação grave do
magistério. Efetivamente não tenho problema como pai, porque meus filhos
estudam em colégio particular, agora, não dá mais para continuar esta situação,
quer dizer, uma solução deve ser encontrada e com urgência. Nós estamos
caminhando para o terceiro mês de greve. Alguma coisa deve ser feita! Tem que
se avançar nestas negociações, tem que haver menos intransigências e acho que
os professores, inclusive, devam ceder um pouco, mas nós não podemos continuar
com este impasse sem solução à vista. Nós olhamos à frente e não enxergamos uma
radicalização em cima de radicalização. Ontem, por exemplo, eu vi o
Vice-Governador fazer uma proposta que a mim até me pareceu, eu não sou
professor, mas me pareceu uma proposta razoável, eu fui discutir com os
grevistas e quase apanhei, porque realmente eles entendem que a proposta é pior
do que a proposta que havia sido apresentada antes. Eu não quero discutir o
mérito das propostas, mas nós temos que avançar nesta negociação. A greve não
pode continuar mais, sob pena de o Rio Grande como um todo sofrer as piores
conseqüências, sem contar os dramas que os pais estão enfrentando; porque todos
nós nos organizamos, de uma forma ou de outra; há lares em que as escolas servem
de creche, sem contar que para a população pobre é a escola que quebra o galho,
pois na escola sempre tem alguém para cuidar a criança. Mas o sistema
institucional, como ele é organizado, a pessoa, no início do ano, se planeja e
prevê a escola até como uma creche para o seu filho, por exemplo, se eu
trabalho pela manhã, então eu tenho com quem deixá-lo. Com a greve, os pais
estão a enfrentar esse problema. E esse é um dos problemas menores, diga-se de
passagem, pois eu não estou nem a pensar no prejuízo do ano letivo. E o que
dizer das férias, em janeiro e fevereiro? E não estou preocupado com as férias,
mas sim com a indústria de turismo no Rio Grande do Sul. Temos,
aproximadamente, um milhão e meio de crianças matriculadas na rede de ensino
oficial, o que deve dar, seguramente, um milhão e setecentas ou oitocentas mil
famílias com crianças na escola. Estas famílias, tendo afetado o seu período de
férias, e se dez por cento delas deixarem de fazer o seu veraneio na orla
atlântica, o prejuízo para o comércio e o turismo será irreparável. Então
tendemos a ir de encontro a um grave problema e não ao encontro de uma solução,
sob pena de o Rio Grande se desestruturar nesse aspecto quase que psicossocial,
pois a greve está criando áreas de atrito, está criando desestruturação até
familiar, está criando problemas de ensino para todos e, sobretudo, está
trazendo um prejuízo político, não só ao PMDB - se fosse, eu assistiria até
rindo - mas a todos os Partidos, pela descrença que está ocorrendo entre os
mestres, que a transferirão aos seus alunos. Temos ouvido e assistido essas
manifestações de descrença que está ocorrendo entre os mestres, que a
transferirão aos seus alunos. Temos ouvido e assistido essas manifestações de
descrença nas galerias da Assembléia que, cheias, diariamente, já vai até um
minuto de silêncio.
O Sr. Aranha Filho: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Só para dar força ao pronunciamento de V.Exa., diria
que a pesquisa de hoje do “Correio do Povo”, reflete, exatamente a preocupação de
V.Exa.: a descrença. Os políticos brasileiros estão desacreditados exatamente
por esses 64% que não atenderam à pesquisa.
O SR. HERMES DUTRA: É quase um desabafo, menos
que um discurso, e esperar que nós todos saibamos respeitar, embora divergindo,
e com direito até de errar - nós fomos eleitos para isto, e quem nos cabe
julgar são os eleitores, não alguns democratas de televisão e de rádio, e que
os professores, junto ao Governo do Estado, cheguem imediatamente a um acordo,
para que possamos, de uma forma mais lógica, e sobretudo com mais calma, com menos inquietude prosseguir
até o fim do ano, proporcionando às famílias algo merecido. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Isaac
Ainhorn.
O SR. ISAAC AINHORN: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, dois assuntos me trazem a esta tribuna, nesta tarde, e felizmente
ainda vejo a presença no Plenário de dois patriotas do PMDB, que certamente
darão cobertura a este pronunciamento que este Vereador vai fazer, porque sei,
inclusive, do profundo sentimento de nacionalidade e nacionalismo que forma a
consciência destes homens. O que me traz aqui é um apedido que hoje foi
publicado nas páginas do jornal “Zero Hora”, em que subscreve o mesmo o
Presidente do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, Fulvio
Celso Petracco; Pedro Bisch Neto, Presidente do Sindicato dos Engenheiros do
Rio Grande do Sul; Mauro Ubirajara Chaves da Costa, Presidente do Sindicato dos
Petroleiros-Sul; Renato Golin da Cunha, Presidente da Associação dos Empregados
Profissionais da PETROBRÁS no Rio Grande do Sul; Cid Césare Salgado,
Coordenador da Associação Nacional dos Anistiados da PETROBÁS - CONAPE/SUL.
Esses cidadãos têm deste Vereador a total solidariedade no apedido que, hoje, foi
publicado nas páginas de “Zero Hora”, denuncia graves decisões tomadas pela
Comissão de Ordem Econômica no Congresso Nacional Constituinte. Pois esta
subcomissão, de princípios gerais da Ordem Econômica da Assembléia Nacional
Constituinte, acaba de perpetrar com a conivência da maioria parlamentar que o
Partido do Movimento Democrático Brasileiro tinha nesta Subcomissão um crime de
lesa-pátria porque pretende a extinção do monopólio estatal do petróleo e, via
de conseqüência, aquilo que foi a bandeira dos nacionalistas brasileiros nos
últimos 50 anos que foi, exatamente, a luta pelo monopólio estatal do Petróleo,
a luta pela criação da Petróleo Brasileiro Sociedade Anônima empresa que enche
de orgulho a todos os patriotas e nacionalistas desta terra.
Tive a oportunidade, Sra. Presidente e Srs. Vereadores, de muito jovem,
ainda quando estudante do Colégio Estadual Júlio de Castilhos, de ter
participado, naquela oportunidade, de uma homenagem a todos aqueles que lutaram
pelo monopólio estatal do Petróleo na célebre luta do “Petróleo é Nosso” quando
ergueram na Praça da Alfândega - o célebre símbolo do monopólio estatal do
Petróleo - o Monumento “A torre de Petróleo”. E que tive a honra de ser, no ano
passado, o proponente da recolocação daquele monumento lá na Praça da
Alfândega, novamente, porquanto, as forças do arbítrio, as forças do
obscurantismo, as forças antinacionais se encarregaram dali tirar aquele
monumento que representa um marco da luta de todos aqueles que lutaram pela
defesa do petróleo em nossa pátria, e que lutaram pela emancipação econômica do
nosso País, lutaram e muitos destes valentes companheiros tombaram nesta luta
memorável em nosso país. E uma das grandes vítimas, todos nós sabemos, foi o
Presidente Getúlio Vargas, que em agosto de 1954, não tendo mais condições de
suportar as pressões do capitalismo internacional e de seus asseclas no nosso
País, desferiu um tiro sobre seu próprio peito.
Registro, aqui, o apedido destas entidades, quando diz: “denunciamos a
nação e a todos os compatriotas que não admitem o saque das nossas riquezas
minerais, sustentáculo da soberania nacional e do desenvolvimento da nossa
economia, a conspiração que vigorou na subcomissão de Princípios Gerais da
Ordem Econômica do Congresso Nacional Constituinte, visando à quebra do
monopólio estatal do petróleo e à destruição da Petrobrás, empresa criada pelo
povo para ser a executora do referido monopólio. De todo o complexo de
atividades que compõem o monopólio estatal, os pareceres aprovados na citada
comissão apenas mantiveram intocadas a larva e a pesquisa, deixando e aí o
grave, Sra. Presidente, deixando a refinação de petróleo exposta ao apetite do
lucro do capital internacional que não tem nenhum compromisso com o progresso
do país e o bem-estar do povo brasileiro”.
E mais, segue o apedido ...ӎ espantoso que alguns constituintes do
PMDB, partido que tem inscrito em sua plataforma a defesa e a manutenção do
monopólio estatal do petróleo esteja apoiando este crime de lesa-nacionalidade.
Por sua vez, o Governo Federal que detém a maioria parlamentar, tem assistido
de braços cruzados, reeditando a política de Pilatos, a esta brutal traição”.
Sra. Presidente e Srs. Vereadores, pretendo apresentar, como Presidente
da Comissão desta Casa à Cidade e à Constituinte, à Mesa dos trabalhos um
requerimento manifestando o repúdio dos Vereadores desta Casa à decisão da
subcomissão da ordem econômica do Congresso Nacional que pretende ver extinto,
em parte, o monopólio estatal do petróleo. Tenho certeza de que todos os meus
colegas desta Casa darão o seu apoio a idéia que não é deste Vereador, a idéia
de repúdio a esta malfadada decisão desta subcomissão que revela tudo e muito
mais coisa que vem acontecendo nesta Assembléia Nacional Constituinte, cuja
legitimidade já foi colocada em questão, porque o povo não deu, não outorgou o
mandato para que coisas desse tipo fossem feitas contra ele.
O Sr. Flávio Coulon: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Isaac Ainhorn, como ex-funcionário da Petrobrás
me solidarizo com o seu pronunciamento e desde já me coloco a sua disposição
para subscrever qualquer documento que seja enviado no sentido da preservação
do monopólio estatal do petróleo. Só lamento que nesta nota não tenha sido
feita referência a outras decisões desta mesma comissão que compromete
violentamente o patrimônio mineral brasileiro. Em segundo lugar lamento
profundamente que uma nota assinada ao Conselho Regional ao qual pertenço e por
Sindicato dos Engenheiros ao qual também pertenço que, interesses partidários tenham
sobrelevado a sobriedade que devem ter essas pessoas que assinam o documento no
momento em que assinam em nome de uma categoria que representam. Eu digo que
não conseguiram sopitar os sentimentos partidários, porque a referência
expressa ao PMDB é uma grosseria, aliás, grosseria na qual o Sr. Fulvio
Pettraco é um reincidente. Não só em termos de nota de jornais como em matérias
publicadas no jornal do CREA, de modos que, me solidarizando com o teor da nota
eu tenho a lamentar o partidarismo que não conseguiu ser sobrelevado nessa nota
acusando diretamente o PMDB como responsável por essa decisão.
O SR. ISAAC AINHORN: Para concluir, Sr.
Presidente, apenas, quero agradecer o apoio e tenho certeza de que não seria
outra a posição de V.Exa., mesmo quando nós sabemos que, como nos demais
partidos existentes em nosso País, infelizmente, as coisas não se comportam
Vereador, como nós gostaríamos que ocorressem em todos os partidos com
representação nesta Casa. E, por último, eu acho que a nota, neste aspecto, de
ter se metido, especificamente com relação ao petróleo, eu acho extremamente
importante nesse aspecto porque o monopólio estatal do petróleo, a questão da
pesquisa, do refino, na realidade, V.Exa. que é do ramo sabe, é perda de toque
de toda a política mineral do nosso País. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Último Vereador inscrito em
Comunicações, Ver. Nilton Comin, V.Exa. está com a palavra.
O SR. NILTON COMIN: Sra. Presidente, Srs.
Vereadores, em abril de 1984, este Vereador entrou com um Projeto nesta Casa
criando unidades prestadoras de serviços que o fariam em locais adequados,
teriam, para submeter à população, banhos públicos e serviços sanitários. A
pedido do nobre Ver. Nereu D’Ávila, retirei esse Projeto para que o seu
projeto, o projeto do pipi-móvel fosse aprovado. Retirei naquela oportunidade e
até hoje o Projeto do nobre Vereador e atual Secretário não entrou em prática
no Município de Porto Alegre. Este Vereador, através de um Projeto de Lei
Substitutivo, apresenta uma série de novas normas e dá andamento a este
Projeto, porque, em saúde pública, uma coisa é muito importante: nós,
geralmente, não temos condições de nos lembrar o que ocorreu há 10, há 20 anos
atrás. As Faculdades de Medicina, os Centros de Saúde eram chamados Centros de
Higiene e Saúde Pública. Em São Paulo, há pouco tempo, eu fiz um curso de
pós-graduação na Faculdade de Higiene de São Paulo. Nós não nos lembramos
destas coisas. As coisas vão acontecendo, os problemas são dinâmicos, e nós
vamos levando a coisa para frente. Mas o mais importante, neste Projeto, é que
visa à higiene pessoal do cidadão. Principalmente aquele cidadão que, morando
próximo da Capital, vem à Capital para cumprir um compromisso, com o seu
médico, com um advogado, ou qualquer outro compromisso, e que aqui têm pesados
ônus, porque ele tem que ir para um hotel. Ele não tem uma unidade dessas, que
são os chamados banhos públicos, para tomar o seu banho, fazer a sua higiene e
fazer o seu trabalho. Na Europa e aqui ao lado, na Argentina, já possuímos
casas como estas. Porto Alegre é uma cidade que, se de um lado evoluímos em
muitas coisas, de outro lado deixamos de evoluir. Este Vereador pretende,
através deste Substitutivo, colocar o Prefeito à vontade para que ele implante
no momento da sua oportunidade de fazê-lo. E como ele vai fazer? Através da
licitação pública às empresas particulares, porque as empresas particulares são
as que poderão prestar os melhores serviços.
O Sr. Marcinho Medeiros: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu queria me congratular com o Projeto do nobre
colega e dizer que, na Cidade de Recife, na Estação Rodoviária, existem banhos
à disposição de pessoas que estão transitando pela cidade. Numa metrópole há um
grande número de pessoas que vêm a negócio ou transitam de um local para outro,
às vezes, até para outros Estados do Brasil e não dá para ir para um hotel para
tomar um banho. É uma necessidade da cidade. Pediria ao colega que desse
entrada com esse Substantivo. Só quem viaja sente essas necessidades,
principalmente no verão.
O SR. NILTON COMIN: Este Projeto corre Pauta e
na próxima segunda-feira entrará em discussão.
O Sr. Aranha Filho: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Gostaria de lhe sugerir essa possibilidade para os
locais em que já existem chuveiros, mas que não funcionam. Um exemplo é o
Parque Moinhos de Vento. A toda hora a água é cortada. Quando os seus usuários
vão usar aquelas instalações, nunca tem água. Se solicitam aos zeladores, não
são atendidos e não podem usar aqueles equipamentos. Então, o mesmo deve
ocorrer em outros parques, solicito que incluísse os locais onde já estão
instalados tais equipamentos.
O SR. NILTON COMIN: O Projeto contempla essa
abordagem. Ele coloca, inclusive, uso de chuveiros tipo duchas, com toalheiros,
produtos de higiene pessoal e aparelhos sanitários. Muitas vezes, um atleta,
conforme V.Exa. colocou, depois de tomar o seu banho, precisa completar a sua
higiene pessoal, e aí então tem as toalhas. Então, a iniciativa privada tomando
conta disso e cobrando um preço acessível, que esta Câmara fiscalizará, isto
está no Projeto, o Poder Executivo arbitra e passa pela Câmara, vai dar
condições a esse tipo de atleta. Também existe um outro tipo de pessoa, os
hipertensos, que tomam uma série de diuréticos e, em decorrência disso, têm
necessidades. Porto Alegre, conforme sabem V.Exas., é carente em matéria de
higiene pessoal. É até deprimente, pois Porto Alegre não tem a mínima
estrutura.
O Sr. Flávio Coulon: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Apenas para estimular a discussão, eu perguntaria a V.Exa., uma vez
que li rapidamente o seu Substitutivo, se ele abre a possibilidade para que a
iniciativa privada seja incentivada a abrir esse tipo de negócio?
O SR. NILTON COMIN: Sim, exatamente cabe à
iniciativa privada. Vamos admitir que, na Av. Salgado Filho, onde há uma
elevada e uma grande concentração de gente, seja colocado um módulo por uma
empresa, e a Prefeitura vá arbitrar; se ela vai investir em colocar ali
serviços de banhos públicos e sanitários, é porque ela entendeu, através de seu
“marketing”, que terá o seu lucro necessário. Isto poderá ser feito em parques,
elevadas, estações rodoviárias, estações ferroviárias, etc. Eu soube, por
exemplo, que a Estação Rodoviária tem um serviço; só que é um serviço que não
está dentro daquilo que pretendemos, que é uma uniformização, pois cada um está
cobrando o que quer. Por exemplo, no aeroporto não há. V.Exa. sabe que, ao
fazer uma viagem, o vôo atrasa algumas horas e no retorno tem que fazer uma
conexão; ali então há condições da pessoa fazer sua higiene pessoal. E isto, no
nosso aeroporto, não há. Então, este Vereador preocupado em ajudar o Executivo,
quer ajudar, também, a cidade de Porto Alegre, para que ela tenha uma infra-estrutura
mínima, para a higiene pessoal dos seus munícipes. A saúde pública começa, na
sua parte de higiene pessoal, com água e sabão.
Não adianta vender muitos perfumes, quando as pessoas não têm
possibilidades de fazer a sua higiene pessoal e eu gostaria que este serviço
fosse implantado nesta Casa, na Câmara Municipal de Porto Alegre, que, em
matéria de higiene pessoal, para os seus funcionários e para os seus
Vereadores, é precária. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Nada mais havendo a tratar,
estão encerrados os trabalhos.
(Levanta-se a Sessão às 15h30min.)
* * * * *